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Por Arthur Sevalho
Existem basicamente quatro tipos de anestesia: Anestesia Geral, Anestesia Regional, Anestesia Local e Sedação. Vamos entender de forma simples como cada tipo de anestesia funciona e como são aplicadas:
- Anestesia Geral: consiste em administrar medicamentos por via venosa e inalatória para deixar o paciente totalmente inconsciente e sem dor durante a cirurgia. É extremamente segura e usada em muitas cirurgias. Durante a anestesia geral, o médico anestesista controla e monitora todos os sinais vitais do paciente, como batimentos cardíacos, respiração, oxigenação, pressão arterial, temperatura e atividade das ondas cerebrais.
- Anestesia Regional: é a aplicação de um anestésico próximo a um nervo, causando uma dormência (chamada de bloqueio pelos anestesistas) em uma região do corpo como um braço ou uma perna. Dois exemplos comuns são a raquianestesia e a peridural, que consistem no bloqueio feito na região da coluna vertebral levando a uma dormência em toda metade inferior do corpo e são frequentemente utilizadas durante o parto normal ou cesárea para que a paciente fique anestesiada da barriga para baixo mas ao mesmo tempo acordada para poder receber seu bebê.
- Anestesia Local: é semelhante à regional, mas o anestésico é aplicado em uma pequena área do corpo para dar pontos em um ferimento ou fazer pequenas cirurgias. É muito realizada em consultórios médicos, nos setores de pronto-socorro e pronto atendimento.
- Sedação: é quando se utiliza um medicamento para acalmar e induzir sono no paciente. Pode ser leve ou profunda e o seu objetivo é acalmar e oferecer conforto ao paciente durante os procedimentos. Isso significa que nem sempre o paciente vai dormir durante todo o procedimento, pois este não é o objetivo. Geralmente é associada a anestesia regional ou local e também é muito utilizada em procedimentos diagnósticos como endoscopia e colonoscopia. A via de administração pode ser venosa ou oral.
Mitos e Receios Comuns Sobre Anestesia
- É possível a anestesia acabar e o paciente acordar e sentir tudo no meio da cirurgia.
Atualmente acordar durante a anestesia geral é uma complicação extremamente rara pois a anestesia é administrada de forma contínua durante toda a cirurgia e não em uma única aplicação no início. Além disso, o paciente é monitorado constantemente durante o procedimento. Dito isto, em casos em que foi utilizada apenas a sedação (e não anestesia geral) o paciente pode acordar ou nem mesmo chegar a dormir, sendo que a escolha por cada tipo de anestesia vai depender da cirurgia ou procedimento que será realizado.
- Medo de morrer por conta da Anestesia Geral, ou de não acordar após.
Antigamente o risco de complicações graves causadas pela anestesia eram maiores, mas com o avanço da medicina surgiram medicamentos e aparelhos que aumentaram muito a segurança do procedimento anestésico. Na década de 1940 o risco de uma complicação grave causada pela anestesia geral era de 1 a cada 1.000 casos, na década de 1980 o risco caiu para cerca de 1 a cada 10.000 casos e atualmente o risco está em torno de 1 a cada 200.000 casos. Este é um dos maiores avanços históricos em melhora de segurança de toda a medicina, e permite que cirurgias cada vez mais complexas possam ser realizadas com segurança, trazendo mais opções de tratamento aos pacientes.
- Medo de ficar paralisado após uma Raquianestesia.
Todos os medicamentos usados na anestesia tem efeito transitório e são metabolizados pelo corpo. Atualmente são usados medicamentos com tempo de ação mais reduzido também para evitar efeitos residuais prolongados nos pacientes. No entanto, quando aplicamos um anestésico próximo a um nervo, existe um risco de causar um trauma direto naquele nervo com a agulha. Diante disto também foram desenvolvidas agulhas com a ponta romba que são usadas para este tipo de aplicação atualmente e diminuem o risco de causar um trauma nos nervos. Este risco atualmente é muito baixo, em torno de 1 para cada 100.000 casos, e geralmente causa sintomas temporários que melhoram após alguns dias ou semanas.
- Medo de revelar segredos pessoais durante a Sedação.
Na realidade, geralmente os pacientes ficam quietos durante a sedação e não falam nada de muito interessante. Quando a sedação é leve é muito mais possível que o paciente fale algumas palavras desconexas e confusas ou até comece a rir ao invés de revelar segredos importantes.
- O anestesista não fica na sala operatória durante a cirurgia.
Na realidade, o médico anestesista fica presente ao lado do paciente durante todo o procedimento, olhando os monitores e controlando a anestesia ao longo da cirurgia. O fato de ter um profissional dedicado exclusivamente a monitorar o paciente é também um dos motivos que tornam os procedimentos anestésicos tão seguros na prática.
- Precisa ficar deitado para não ter dor de cabeça após a Raquianestesia.
A dor de cabeça causada pela raquianestesia é uma complicação frequente que atinge de 1 a 3% dos pacientes submetidos à raquianestesia ou a peridural e é mais comum em pacientes jovens. No entanto, ficar deitado após a anestesia não previne o aparecimento da dor e o paciente deve sempre buscar orientação do seu Médico Anestesista quando apresentar este sintoma para ser orientado quanto ao tratamento correto e acompanhado até a resolução dos sintomas que geralmente duram até três dias.
Conclusão
Atualmente o procedimento anestésico está entre os mais seguros da medicina ao contar com avanços constantes no desenvolvimento de novas tecnologias e de medicamentos mais seguros. Além disso, a Anestesia é a especialidade médica que foi pioneira em trazer atenção da sociedade em relação à importância de se adotar protocolos de segurança durante os procedimentos cirúrgicos e criar uma cultura de segurança do paciente nos hospitais. Este avanço permite a realização de cirurgias cada vez mais complexas para tratar uma gama cada vez maior de patologias e recuperar a saúde em casos de doenças graves.